O britânico Bruce Dickinson, líder do Iron Maiden, uma das bandas de heavy metal mais conhecidas do mundo, palestrou por aproximadamente 1h30 para uma legião de empreendedores presentes na abertura do VTEX Day, o maior evento de vendas multicanal da América Latina, em São Paulo.

Diferente de outras plateias, no entanto, o público aguardava para saber um pouco sobre o outro lado da vida do músico: o empreendedorismo. Formado em História e doutor em Música, Bruce é piloto de avião, dono de marca de cerveja, esgrimista profissional e lançou desde jogo de videogame até uma linha de relógios com uma importante marca francesa.

Para começar, Bruce mostrou à plateia uma foto de um dos shows do Iron Maiden em um estádio lotado de fãs. “Todos os manuais de administração dizem que temos que cuidar dos consumidores e que eles sempre têm a razão. Eu não gosto do consumidor, pois ele compra e vai embora. Vocês têm que ter fãs”.

Em seguida, usou o futebol como exemplo. “Quando você para de torcer para seu time de futebol? Nunca. Ele pode não vencer o jogo, mas você sempre vai apoiar. Um torcedor nunca vai abandonar o time do coração”, disse.

A fórmula do sucesso: 0 + 0 = 1

O músico afirmou ser péssimo em matemática, mas usou a equação 0 + 0 = 1 como exemplo em diversos momentos. Segundo ele, a conta demonstra o que é preciso para criar alguma coisa. “Onde não existe nada você precisa ir lá e criar algo”. Após mostrar a imagem de um mosquito e questionar quem na plateia já havia sido picado por um, o vocalista fez uma analogia com as boas ideias que pairam no ar.

Segundo ele, alguém precisa ser picado para que um negócio seja criado. “Sabe quando você apaga a luz e apenas ouve o barulho do mosquito? Essa é como uma ideia que esta pairando no ar, cabe a você agarrar as boas”, explicou.

Além disso, Bruce ressaltou a importância de analisar as pequenas situações do dia a dia para ter grandes ideias. “Observação é a chave. É preciso ouvir o que as pessoas estão falando. Não é fingir, precisa ser verdadeiro. É esta mentalidade que as pessoas precisam ter”.

De cantor a piloto de avião

Depois de se unir ao Iron Maiden, realizar o sonho que tinha desde os 16 anos e viajar o mundo todo, o vocalista passou a refletir sobre o futuro que outras bandas e seus membros geralmente tinham. “Vou gravar um disco, viajar e morrer. Isso é muito deprimente. Não queria um emprego desse gênero”, contou.

Mais tarde, Bruce contou como arrumou seu único emprego registrado: piloto de avião. Ele confidenciou que um dos tios trabalhou na força aérea britânica e foi sua maior fonte de inspiração. “Criar alguma coisa começa com um sonho. Se você não sonhar com aquilo, nunca vai acontecer. Precisa se deixar levar, pensar fora da caixa”.

Inspirado pelo produtor de Jimmy Hendrix – que alugava aviões e fazia com que o músico viajasse com a banda e os instrumentos rapidamente de um local a outro – Bruce passou, mais tarde, a pilotar o avião do Iron Maiden durante as turnês.

“Eu não ouvi o nosso contador e tive uma ideia maluca. E se um avião levasse a banda para viajar o mundo todo? O aluguel do avião no inverno do hemisfério norte é mais barato, pois ninguém quer voar em uma nevasca. Alugamos e voamos para o verão do sul. Isso aumentou 4x nossa receita, além de ter sido o avião mais fotografado do mundo”.

Necessidade de adaptação e atitude perante o fracasso

Bruce falou também sobre a necessidade de adaptação às novas tecnologias. “Gravadoras foram afetadas pelo mundo digital. Elas poderiam se adaptar, mas não quiseram. Quase desapareceram. Já as capas dos discos hoje são consideradas verdadeiras obras de arte”.

O artista, que anos atrás lutou contra um câncer, questionou o público sobre o que pode acontecer quando as coisas dão errado e finalizou a apresentação com o segredo para negócios tão promissores.

“Quais são as possibilidades se uma ideia não funcionar? É preciso atitude perante o fracasso, confessar sua situação. O que você faz quando cai do cavalo? Ou você nunca mais monta ou você monta de novo. Ou você fala que não é para você ou se adapta para algo diferente”, finalizou.